Dólar dispara pós-fala de Campos Neto. Ou apito de cachorro e canto de galo

COMENTO
Não é possível que essa resposta não venha a ser objeto de investigação acadêmica nos cursos de economia. Em síntese:
1 – “Há uma dissonância entre o que de fato está acontecendo e o que as pessoas (Uzmercáduz) acham que vai acontecer”;
2 – “Para a gente, o importante é o que os preços no mercado que influenciam a nossa função de reação estão dizendo”.

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Pergunta meramente retórica: havendo tal dissonância, se a autoridade monetária quer falar, ela deve fazê-lo para diminuir expectativas negativas, que são, então, especulativas — nesse caso, nem me refiro a especuladores vulgares — ou, ao contrário, deve dizer: “Ok, então vamos amarrar cachorro com linguiça, para mantê-los sob controle”?

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Alguém aí é capaz de lembrar uma única entrevista de Campos Neto ou uma única intervenção para a patota dos mercados que tenha contribuído para baixar o dólar e elevar a Bolsa? Citem uma ao menos.

GRUPINHOS
E as reuniões de membros do BC com grupinhos do mercado financeiro?
“As reuniões com grupos fechados, com 10 ou 15 pessoas, passam a ser transmitida. As reuniões com economistas, a gente está pensando como melhorar. Os países avançados têm mais a característica de não fazer nenhum tipo de reunião fechada com uma ou duas pessoas. Em países emergentes, é mais comum fazer esse tipo de reunião. O país emergente tem aquela característica de vender a sua história para atrair investimento.”

A gente não sabe exatamente o que ele entende por país “avançado”. Fica subentendido que os atrasados, chamados por benevolência, de “emergentes”, precisariam fazer alguma propaganda de si mesmos. Indago: as intervenções que vêm a público têm servido para alimentar expetativas positivas ou negativas, muito especialmente as feitas pelo próprio Deus das Esferas?

Na resposta abaixo, temos a teorização — metafórica — do moto-contínuo dos juros altos, com base naquelas tais “expectativas” que, como cantou Tom Jobim em “Dindi”, são as “histórias que são de ninguém, mas que são minhas e de você também”… Leiam:
“No sistema de metas, tem que olhar para frente. Por quê? Ao contrário às vezes da política fiscal, que tem um impacto mais de curto prazo, a política monetária leva entre 12 e 18 meses para fazer efeito.
Então preciso tomar uma ação hoje olhando o que está sendo esperado na frente. Se eu tomar uma ação hoje baseada na inflação corrente, é muito parecido como dirigir um carro olhando o retrovisor. Eu não vou enxergar o que está para frente e o carro vai bater. Entendo que, às vezes, para algumas pessoas, não é tão fácil entender qual é o papel da expectativa na formação de preço. O sistema de metas tem um pilar fundamental que é a transmissão via canal de expectativas. É importante que a gente leve isso em consideração.”

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